sexta-feira, 7 de maio de 2010

O QUE É TEOLOGIA PARA TILLICH?

A Teologia da Cultura de Paul Tillich tem como idéia fundamental a presença do incondicionado em toda manifestação cultural. Entende-se por “incondicionado” aquilo que o ser humano experimenta no ato de crer, alguns teólogos afirmam que Tillich se referia diretamente a Deus quando dizia “incondicionado”. Segundo Tillich, seria possível encontrar uma busca pelo sentido da vida frente ao Deus infinito no âmbito da cultura geral, e não apenas religiosa. Ou seja, o anseio do ser humano em desvendar os mistérios da própria existência não o impele apenas ao âmbito religioso, mas sim as produções aparentemente mais secularizadas. Esta perspectiva tillichiana sobre a relação religião-cultura é expressa sinteticamente na seguinte tese: “a religião é a substância da cultura e a cultura é a forma da religião”. Ou seja, toda a cultura é substancialmente religiosa sendo que a religião sempre se apresenta em forma de cultura.
Para entender o que é exatamente Teologia da Cultura primeiramente vamos explanar o conceito de “teologia” para Tillich. A teologia para Tillich é um campo de estudo que trata das questões existenciais do ser humano e não apenas elementos relacionados diretamente a fé ou a religião. Ele defende que o discurso essencialmente religioso pode ser encontrado “fora” dos limites da religião constituída e das doutrinas pré-estabelecidas. Em outras palavras, o estudo a respeito de Deus pode ser feito a partir de qualquer manifestação humana que de alguma forma mostre interesse pelas questões existenciais. Por isso a Teologia só pode acontecer em parceria com a filosofia, visto que é a filosofia que faz perguntas existenciais e é a teologia que tem condições de responder a essas perguntas de maneira satisfatória.
Você já parou para pensar que as músicas populares, as peças teatrais, os filmes e os livros estão cheios de questionamentos a respeito da existência humana frente ao Deus infinito? Por mais que estas perguntas não apareçam em forma de símbolos religiosos como “pecado”, “graça”, “céu”, “inferno” eles estão presentes por toda parte. Cabe aos que carregam no coração a fé cristã ter sensibilidade para compreender esses discursos, apreciá-los e na medida do possível respondê-los. Não necessariamente usando os símbolos religiosos já citados acima, mas fazendo como o Mestre Jesus ensinou; usando elementos finitos como viajantes feridos e dracmas perdidas para mostrar aquilo que é infinito como o amor incondicional e a valorização da singularidade de cada ser humano.